Educação
se faz com ação.
"A vida educa. Mas a vida
que educa não é uma questão de palavras, e sim de ação. É atividade." Johann Heinrich Pestalozzi
Quando
estava na faculdade li um texto de Rubens Alves, intitulado “Sobre jequitibás e
eucaliptos. Amar.” No texto o professor é comparado com pés de eucaliptos,
enquanto o educador é comparado a um pé de Jequitibá, planta essa, de
‘personalidade’ em que os mais velhos acreditavam que tivesse alma, por ser
distinta dentre as outras árvores.
Fiquei
maravilhada com o texto, com a habilidade poética e fascinante do autor. Ainda
não lecionava, então, fui facilmente seduzida a acreditar que por mais difícil
que fosse a tarefa de ensinar, tudo seria resolvido se o professor fosse um “educador
jequitibá”.
Quando
comecei a trabalhar como professora regente, constatei que ensinar não tem nada
haver com poesia, deparei-me com uma realidade totalmente diferente das teorias
estudadas na faculdade. È uma triste realidade, mas não somos preparados para
lidar com situações adversas dentro da sala de aula, principalmente na rede
pública.
São
inúmeros os desafios a serem encarados dentro da escola. Há muita indisciplina,
dificuldades de aprendizagem, alunos com problemas psicológicos e
comportamentais, ausência da participação familiar, carência de recursos
didáticos, falta de autonomia, ausência de gestão eficaz, derramamento de
pessimismo procedente de professores veteranos desacreditados e acomodados,
baixo salário e falta de valorização profissional. Apesar de reconhecer a importância da teoria,
em pouco tempo pude notar que não é fácil enfrentar a diversidade de problemas
sociais que se refletem na sala de aula apenas com as teorias aprendidas, tão
pouco com “poesia”.
Existe
uma grande lacuna entre os saberes científicos e as aplicações em sala de aula.
Comenius criou e dirigiu escolas, mas era teólogo e filósofo. Rousseau foi um
importante filósofo, teórico político e escritor. Froebel foi químico e filósofo.
Herbart atuou como psicólogo e filósofo. Montessori e Decroly foram médicos.
Claparéde trabalhou como neurologista
e psicólogo. Diante desta realidade Jean
Piaget propõem uma reflexão em seu livro Psicologia e Pedagogia com a seguinte
questão “Porque a pedagogia só em ínfima parte é obra de pedagogo?” Acredito que
tais lacunas seriam preenchidas se tais teóricos pertencessem de fato à
profissão. Então, porque os pedagogos não fazem parte de uma elite de pesquisa?
Segundo Piaget, infelizmente a resposta estaria na ausência de prestigio
intelectual e status ao oficio de professor.
Sinto que a mudança na educação brasileira depende de
esforços políticos que parecem além do nosso alcance.
Não sei onde encontrar as soluções para os desafios que assolam a realidade do
professor, mas também não quero desistir de uma profissão tão promissora e
cheia de desafios.