quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Educação se faz com ação.

Educação se faz com ação.
"A vida educa. Mas a vida que educa não é uma questão de palavras, e sim de ação. É atividade." Johann Heinrich Pestalozzi

Quando estava na faculdade li um texto de Rubens Alves, intitulado “Sobre jequitibás e eucaliptos. Amar.” No texto o professor é comparado com pés de eucaliptos, enquanto o educador é comparado a um pé de Jequitibá, planta essa, de ‘personalidade’ em que os mais velhos acreditavam que tivesse alma, por ser distinta dentre as outras árvores.
Fiquei maravilhada com o texto, com a habilidade poética e fascinante do autor. Ainda não lecionava, então, fui facilmente seduzida a acreditar que por mais difícil que fosse a tarefa de ensinar, tudo seria resolvido se o professor fosse um “educador jequitibá”.
Quando comecei a trabalhar como professora regente, constatei que ensinar não tem nada haver com poesia, deparei-me com uma realidade totalmente diferente das teorias estudadas na faculdade. È uma triste realidade, mas não somos preparados para lidar com situações adversas dentro da sala de aula, principalmente na rede pública.
São inúmeros os desafios a serem encarados dentro da escola. Há muita indisciplina, dificuldades de aprendizagem, alunos com problemas psicológicos e comportamentais, ausência da participação familiar, carência de recursos didáticos, falta de autonomia, ausência de gestão eficaz, derramamento de pessimismo procedente de professores veteranos desacreditados e acomodados, baixo salário e falta de valorização profissional.  Apesar de reconhecer a importância da teoria, em pouco tempo pude notar que não é fácil enfrentar a diversidade de problemas sociais que se refletem na sala de aula apenas com as teorias aprendidas, tão pouco com “poesia”.
Existe uma grande lacuna entre os saberes científicos e as aplicações em sala de aula. Comenius criou e dirigiu escolas, mas era teólogo e filósofo. Rousseau foi um importante filósofo, teórico político e escritor. Froebel foi químico e filósofo. Herbart atuou como psicólogo e filósofo. Montessori e Decroly foram médicos. Claparéde trabalhou como neurologista e psicólogo. Diante desta realidade Jean Piaget propõem uma reflexão em seu livro Psicologia e Pedagogia com a seguinte questão “Porque a pedagogia só em ínfima parte é obra de pedagogo?” Acredito que tais lacunas seriam preenchidas se tais teóricos pertencessem de fato à profissão. Então, porque os pedagogos não fazem parte de uma elite de pesquisa? Segundo Piaget, infelizmente a resposta estaria na ausência de prestigio intelectual e status ao oficio de professor.

Sinto que a mudança na educação brasileira depende de esforços políticos que parecem além do nosso alcance. Não sei onde encontrar as soluções para os desafios que assolam a realidade do professor, mas também não quero desistir de uma profissão tão promissora e cheia de desafios.  

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