Márcia Moreno Campos - 14/06/2015
O Quarto Mandamento
Assisti ao filme Êxodos, uma produção magnífica sobre a saga de Moisés para libertar seu povo da escravidão a que foi submetido no Egito por longos e sofridos 400 anos. Após a libertação, Moisés recebe de Deus os 10 mandamentos que são ditados a ele e depois repassados aos cristãos de todos os tempos, como regras de amor e convivência pacífica entre seres humanos. Detenho-me hoje no quarto mandamento que nos manda “honrar pai e mãe”. Considero-o complexo e difícil, e vejo que esse ditame tem se perdido ao longo do tempo, obedecido por uns, negligenciado por tantos outros.
Como mãe, vivencio um amor incondicional às minhas filhas e é isso o que ocorre na grande maioria das famílias mundo afora. Os pais dão vida, cuidam, educam, protegem, amam, se preocupam, perdem noites de sono e se desdobram sem limites aos seus filhos. Não esperam nada em troca e vão tocando a vida, doando-se até que chega a velhice. E, quando ela chega, impõe limitações diversas. A visão embaça, as pernas fraquejam, a audição não é a mesma, a memória vai e volta, e a insegurança, a repetição, o tremor das mãos e o descontrole das funções vitais tomam seu lugar. Os velhos, mesmo tendo sido pais e mães abnegados, tornam-se muitas vezes um peso para os filhos, exigindo cuidados especiais e tempo, que é o que menos se tem hoje para dar. Esses filhos então, às vezes delegam a instituições especializadas os cuidados que deveriam ter com os seus. Essas instituições no Brasil carecem de atenção especial dos órgãos públicos e sobrevivem graças à generosidade do povo que, com suas doações de tempo e dinheiro, suprem necessidades essenciais. Estamos longe do status de país desenvolvido, que é aquele que cuida bem das suas crianças e dos seus idosos, da esperança e da experiência.
Nada, porém, substitui a presença dos filhos. O que os idosos necessitam tanto quanto de medicamentos, é atenção, visitas, afeto. Não interessa onde estejam, se em casa ou em instituições asilares, o que conta é o amor que recebem, sentimento esse que não permite ser delegado. A alegria de um idoso quando recebe a visita de um filho ou familiar é visível no brilho dos seus olhos, na fala altaneira e no sorriso aberto, como que para mostrar aos seus pares que ele é importante para alguém.
“Honrar pai e mãe” significa dignificar seus nomes e cumprir essa missão ou mandamento até o fim de suas vidas. Não podemos esquecer que um dia seremos nós os portadores dessas mesmas necessidades que enxergamos hoje em nossos pais. Pais que apesar, ou por serem idosos, são sábios. Carregam na alma a experiência de uma vida, com seus erros e acertos, vitórias e arrependimentos. Dedicar parte do nosso tempo a eles é ganhar paz de espírito. É acima de tudo aprender que a vida é um processo às vezes longo e sempre imperfeito, em que buscamos nos tornar melhores a cada dia. Vamos ouvi-los porque eles têm muito a nos ensinar
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